Partimos de um paralelo tratando o edifício existente com a valorização de uma obra de arte. As obras de arte, sejam escultura, pintura, arquitetura ou de qualquer outra natureza, precisam ser dispostas de maneira a despertar o interesse e reações no público que com elas interage.
Ao analisar o edifício do SESC projetado pelo arquiteto Oswaldo Corrêa Gonçalves, destacamos a plasticidade estrutural, facilmente percebida por profissionais da área de arquitetura e engenharia, mas dificilmente valorizada pelo público em geral. A fim de chamar atenção e valorizar o que o edifício tem de melhor, propomos “enquadrar” o edifício, tirando seu involucro de alvenarias e caixilharia, e dispor uma contínua pele de vidro que tira proveito da face sul do lote de modo a mostrar a essência do trabalho do arquiteto em questão.
Com esta configuração, naturalmente o interesse cultural sobre a obra do arquiteto se despertará. O que é essa estrutura? Porque foi preservada? Porque foi valorizada e tratada com tanto respeito? Acreditamos que desta maneira o público terá interesse em saber quem foi Oswaldo Corrêa Gonçalves.
Para não competir com o trabalho existente, aproveitamos sua modulação estrutural para definir a nova malha estrutural dos edifícios anexos, trabalhando com sistema de construção metálica de maneira geral, porém fazendo uso também de pilares redondos em concreto aparente, fazendo referencia aos pilotis típicos do modernismo de grande influência nos trabalhos do arquiteto Oswaldo Corrêa Gonçalves.
 
O teto-jardim foi definido na cobertura do Bloco 1, que contém o edifício existente, de modo a facilitar seu acesso, visto que o gabarito necessário para as edificações anexas (Blocos 2 e 3) era muito alto. Sobre o teto-jardim locamos o Complexo de Piscinas de Lazer que estão apoiados sobre cinco generosos pilares metálicos com secção de estrela de quatro pontas que teve partido criativo a partir do ângulo existente nos pilares de concreto do edifício a ser preservado. Este será o coração verde do conjunto.
Os Blocos 2 e 3 receberam fechamentos e tratamentos de fachada adequados ao clima, orientação solar e com referencias do modernismo, principalmente de maneira que criassem um plano de fundo para o edifício existente. O tratamento adotado foi de brises cerâmicos, garantindo ao mesmo tempo uma transparência visual e excelente resultado de conforto térmico frente ao forte calor e insolação intensa típicos da cidade de Ribeirão Preto.
Dentro do complexo a setorização foi trabalhada de maneira a concentrar o fluxo das três entradas de público e distribui-lo de um ponto central com pé direito elevado de maneira a facilitar a leitura dos ambientes.
Este grande espaço que contempla a Convivência Coberta cria amplitude em um projeto de intenso programa de áreas frente ao terreno disponível, se tornando uma praça coberta acolhedora, com História, Cultura e Lazer.
O Teatro está no térreo do Bloco 2, em área contínua a grande praça coberta, com o foyer voltado para a Rua Visconde de Rio Branco, facilitando o acesso em dias de evento e o fundo do Palco aberto para um pátio central descoberto que faz frente com as paredes do complexo aquático coberto. Uma saída está localizada em frente ao Palco (para os dias de evento) direto para a Avenida Francisco Junqueira.
 
O parque aquático existente foi preservado e coberto, com a adequação em seus revestimentos e na área técnica de manutenção das piscinas de modo a atender as normas do SESC. Um novo Conjunto de Vestiários foi projetado, de onde se tem acesso a todas as instalações de suporte aos parques aquáticos coberto e descoberto.
Na fachada da Avenida Francisco Junqueira, posicionamos um grande painel de azulejos para dar privacidade para as piscinas cobertas e trazer mais um elemento característico do Modernismo de forma marcante, este grande painel é um marco para a cidade, voltado para a via de maior circulação do conjunto.
O Ginásio Poliesportivo foi locado no último piso do Bloco 2, separado do Teatro por dois pisos, de modo a não comprometer a acústica e possíveis vibrações geradas pelo uso esportivo. Esta localização permite a captação mais eficiente da corrente natural de ventos para ventilação do ambiente.
Os usos operacionais e de gerenciamento foram concentrados no Bloco 3, assim como a entrada de serviço e o acesso ao subsolo pela Rua Álvares Cabral. Os andares superiores contam ainda com Salas de Ginástica e Vestiários voltados ao uso do Ginásio, sendo interligados por passarelas, completando assim todo programa esportivo.
Desta maneira atendemos as necessidades do SESC de uso, manutenção e beleza, valorizando a obra de Oswaldo Corrêa Gonçalves, que teve sua configuração alterada ao longo dos anos e agora voltará a ter existência própria com a sua essência preservada.
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