Vivemos em uma época de preocupação com o meio ambiente e nos últimos anos é um assunto unanime entre as empresas e pessoas quando se trata de um projeto de arquitetura.
De fato a questão tem uma abordagem tão grande que hoje há um Mercado com grande atuação específico para questões de Sustentabilidade. O que torna uma construção Sustentável?  Recentemente um edifício na Itália de dois mil anos de existência foi eleito o mais sustentável da História, exatamente por sua longevidade e por todo beneficio que trouxe aos seus frequentadores nas diversas atividades a que se prestou.
Essa reflexão nos leva a acreditar que um edifício de qualidade, é um edifício durável, funcional, que leva os habitantes da cidade a experimentar diferentes sensações e principalmente promovem a interação entre as pessoas.
Um dos desafios  de projetar uma unidade do SESC para Franca está na relação que o complexo terá com a cidade. Após análise do bairro onde será construído o empreendimento,  percebemos  a baixa verticalização, característica predominante da cidade, e a necessidade de estabelecermos um ponto de referencia com o entorno.
A parte alta do terreno, ideal para o posicionamento do complexo de piscinas, e o conceito de preservação da topografia do terreno nos orientaram a uma implantação que posiciona o edifício no limite dos recuos da Avenida Dr. Ismael de Alonso y Alonso e Rua Rio Grande do Sul, tornando-o um grande maciço com formato geométrico bruto e escultural que permite forte identidade de sua silhueta.
Sua relação com a cidade acontece no contraste com o bairro residencial no lado oposto do córrego, e no despertar da curiosidade do ser humano, através de “fendas” e estreitas  aberturas no grande maciço de concreto que dão forma as fachadas e revelam o edifício aos poucos.
O acesso por alguma das três fendas de entrada do complexo nos remete ao momento da criação do espaço, ao contato com o infinito celeste,  nos quais estreitas ruas levam a uma praça acolhedora e arquetípica, um grande vazio no coração do conjunto.
A entrada de pedestres à Praça pela Rua Dr. Nelson Pressoto, esta posicionado no recuo ao lado apenas do Bloco Cinco, sendo o mais generoso por não estar localizado entre Blocos. É um acesso que suporta maior fluxo de pessoas e “aponta” direto para o Teatro e Ginásio. Deste ponto temos uma leitura completa do conjunto desde a entrada.
Proporcionando surpresa em seu interior o edifício se abre para a Praça de Convivência. O impacto com o talude preservado e a conformação das curvas de nível do terreno, arborizado e naturalmente belo traz a primeira grande revelação. Quatorze metros acima, um planalto acomoda o Parque Aquático cuidadosamente posicionado para que o Sol esteja sempre presente e a relação com o edifício tenha uma escala mais amena e distante, buscando criar um ambiente de entretenimento junto ao paisagismo e vegetação, distanciando a pessoa das preocupações do dia-dia da cidade.
Com formatos curvos e suaves compondo com as rígidas formas dos blocos do edifício, os elementos do Parque Aquático criam espaços de lazer integrados entre si e privativos para seus usuários. A Piscina Principal completa a forma do grande talude tendo a transição entre água e verde através de um fundo infinito que acompanha o formato original das curvas de nível, criando uma pequena cascata com um metro de altura e de onde se tem uma vista aérea da Praça de Convivência.
O acesso para o Parque Aquático pode ser feito por elevadores ou através de uma longa escadaria a céu aberto entre duas paredes diagonais de alturas variáveis que fecham em um acesso mais estreito a fim de anunciar o que está por vir. Todos os blocos estão interligados, elevadores também conectam o conjunto de Piscinas Cobertas e Vestiários com o Parque Aquático e a Quadra Poliesportiva Descoberta.  Tanto a Quadra Poliesportiva Descoberta quanto o Campo de Futebol Society, tem sua localização na cobertura de dois dos cinco blocos de edifícios, localização esta que permitiu melhora significativa nas áreas permeáveis e de Paisagismo, muito importantes para o equilíbrio térmico e ambiental do conjunto.
No Térreo fazendo frente à Praça de Convivência, concentram-se usos e ocupações que recebem e interligam o usuário a todo complexo.  Sendo o Bloco Três o central que concentra as atividades mais abertas a visitantes: Central de Atendimento, Convivência Coberta e Exposições. O Bloco Quatro, complementar ao Bloco Três, possui usos e atividades mais reservadas, mas que necessitam de acesso facilitado, como a Odontologia e outros serviços sociais de atendimento aos cidadãos de Franca.
Contemplamos  pés-direito bastante generosos em todos ambientes do projeto, item que qualifica qualquer espaço habitável, demos especial atenção ao Espaço de Exposições, Convivência, Biblioteca e Alimentação, além de ser útil o pé direito alto é funcional para instalações e adequadas áreas técnicas.
O Espaço de Exposições foi posicionado em uma “fatia” do Bloco Três, ocupando toda a altura do edifício, do térreo até a cobertura. Esta configuração permite instalações de exposições de variadas formas e usos que podem ser maiores ou menores ocupando apenas o térreo ou os três mezaninos posicionados ao longo da altura do espaço. Estes mezaninos são circundados por rampas, sendo o mais alto  acessado também  por elevadores, criando um circuito para o visitante. As rampas estão dentro das normas de acessibilidade para cadeirantes, o que dá suavidade ao conjunto. O vazio todo do espaço expositivo é permeado com iluminação zenital difusa, adequada para visualização e manutenção de obras de arte, dada a  altura que chega a 25 metros. Essa mesma iluminação natural ocorre no ambiente da Biblioteca localizada no segundo pavimento do Bloco Três. Ela está voltada para Sul em um espaço reservado e calmo, visualmente separado das áreas externas do complexo.
Oposto ao conceito de introspecção da biblioteca e buscado uma integração com o verde e todas as atividades de lazer, está posicionado o Setor de Alimentação, no terceiro e último pavimento do Bloco Quatro, acessado por elevadores sociais e de serviço, além de uma passarela que liga diretamente com o Parque Aquático.
 
Com o fluxo operacional mais complexo de atendimento ao público e “peça” fundamental na implantação, o Teatro foi posicionado para ter acessos não conflitantes com os demais usos da unidade, e como exigido pelo SESC com o palco que possibilite o uso do Ginásio Coberto como área de plateia através de uma abertura em seu fundo.
Visto a grande área de ocupação dos Blocos Um e Dois (Teatro e Ginásio respectivamente), foi posicionado um acesso direto da Rua Rio Grande do Sul à Praça interna, que intermedia os dois, sendo este acesso uma das três Fendas já mencionadas, criando um eixo organizacional e de circulação que atravessa todo o terreno pela Praça até a Rua Dr. Nelson Pressoto.  Este acesso deverá ser fechado em dias de uso integrado entre Teatro e Ginásio.
Compondo o espaço do Foyer do Teatro, um Café se abre para Praça com a possibilidade de utilização inclusive em dias e horários sem realização de eventos, sendo mais um item que proporciona o encontro e convivência entre os frequentadores. Um segundo café foi criado na cobertura do Bloco Três, espaço que pode ser utilizado também para pequenos e privativos eventos e reforça a idéia de levar as pessoas ao despertar da curiosidade.
De caráter cultural e escultural, paralelo a Av. Alonso y Alonso, um passeio atravessa duas fendas de entrada no conjunto, e serve como elemento de equilíbrio térmico para vazão de ar quente e entrada de ar frio aos ambientes desta fachada, formando uma “casca” protetora e monumental, que leva o observador a uma reflexão entre luz, forma e espiritualidade.
Desta maneira qualificamos a Futura Unidade do SESC Franca como um conjunto Sustentável em si, original e sensível, em seu uso, sua construção e suas necessidades, valorizando a relação com a cidade e promovendo a integração desejada entre o público e o privado.
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