Fomos chamados para elaborar o projeto do Blink com um escopo inicial baseado em referencias do Soho em NY. Até a conclusão do Projeto Executivo de Arquitetura os Edifícios teriam revestimentos de tijolinho mesclado e caixilharia preta, enquanto toda área de pisos externos seria em pisos cimentícios. Ao longo da obra, que teve sua fase mais complexa nas fundações e subsolo por estar em um terreno encharcado, ficou definido executar o projeto em duas etapas. Uma é a que está concluída, outra será feita depois com a construção do Estúdio Daylight com iluminação natural, também equipado com todo conforto de camarins e sala de estar.
O Blink Studio é um projeto urbano. Tanto no seu uso como em concepção arquitetônica. Por essa questão e por prazos de execução, definimos a troca do revestimento de fachada para cimento queimado, e trabalhamos com cores marcantes inspiradas na marca do Blink em alguns elementos complementares aos edifícios. Os muros permeiam a construção monocromática com cores vibrantes, como o roxo e o laranja. E o principal, o pórtico de entrada, meu item favorito do projeto, em um lilás suave que se destaca por ser um elemento solto dos demais, que serve como elemento de transição para as pessoas que utilizarão os Estúdios, marcando a saída do espaço público para o privado. É importante isso, as pessoas precisam sentir a segurança e conforto para realizar o trabalho que dura horas, por isso digo ser um espaço privado, mesmo que por poucos dias ou horas, apesar de ser para uso de público variado. Destaco outros itens do projeto como a grande caixilharia do bloco administrativo, que diferente do bloco dos estúdios que precisa ser fechado, abrigado e sigiloso, deve ser aberto, estar inserido na cidade, com boa vista e iluminação natural farta, que é tanto agradável e confortável ao bem estar quanto ecológica, pois diminui a necessidade de iluminação artificial. Outro item que destaco são os camarins, super equipados e com vista espetacular para o set de filmagens e fotografia. Uma verdadeira área VIP.
Fazemos o projeto para atender uma necessidade do cliente e da cidade. No Brasil é incrível como projetam ignorando a cidade. A relação do edifício com a cidade acontece em primeira instancia em sua relação com o entorno. Não acredito que todos os projetos devam ser ícones arquitetônicos que entrem em competição por atenção. Pelo contrario, acho que poucos deveriam chamar atenção, apenas para pontuar espaços públicos, transições urbanas ou que sejam relevantes para todos os habitantes e visitantes. No mais acredito que na cidade como conjunto, o que ainda precisamos melhorar muito em São Paulo, mas foi muito bem pensado para o Blink Studio na sua relação com os vizinhos residenciais e com o viaduto.
O processo de criação para um projeto sempre sai da necessidade. Mas é muito importante a sintonia entre nós arquitetos e o cliente. Arquiteto precisa de sensibilidade. O Oscar Niemeyer dizia isso, primeiro vem do sentir, depois vocês articula as ideias e explica o conceito. Se não conseguir é porque algo está errado, então começa de novo.
Paro o Blink foi muito fácil essa sintonia porque conhecemos bem a Gizele e a Andrea. Não precisou de tempo para adquirir intimidade. Elas sabem bem o que desejam, e não precisamos passar pelo processo de descoberta das intenções. A partir daí resolvemos a problemática do programa de necessidades. Sempre começamos pela setorização dos usos. O projeto começa no macro e conforme o desenvolvimento, aumentamos a escala e detalhamos. Os detalhes são fundamentais. Eles que vão garantir a qualidade percebida na execução.
Dá-nos muita satisfação poder fazer um projeto completo. Conseguimos trabalhar com as sensações das pessoas de forma mais completa. No Blink a arquitetura de interiores tem um aspecto informal e o piso vinilico com estampa de madeira proporciona praticidade de manutenção e trás a sensação de acolhimento, ausente no exterior do edifício que trabalha com tonalidades de cinza e cores vibrantes. O importante em tudo isso é a harmonia em cada ambiente e entre os ambientes. No caso do Blink quanto mais íntimo o ambiente, escolhemos materiais mais ‘quentes’ e acolhedores.
Em nossa arquitetura buscamos sempre incentivar as relações humanas através do uso do espaço que projetamos e ficamos muito felizes quando conseguimos inspirar as pessoas através do nosso trabalho e do resultado dos nossos projetos.
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